Fórum de lutas pela terra e pelos recursos naturais realiza conferência para discutir o acesso das mulheres e jovens à terra

 

Com o tema “Acesso de Mulheres e Jovens à Terra” encerrou nesta quinta-feira (16) o segundo ciclo de debate do Fórum de Lutas pela Terra e Recursos Naturais através de uma Conferência realizada por meio virtual. A CONTAG e Federações filiadas participaram da Conferência que contou também com a apresentação das experiências da Marcha das Margaridas, Festival Nacional da Juventude Rural e Programa Jovem Saber.

“O trabalho das mulheres rurais é muito invisibilizado. Isso se vê no acesso: à terra, assistência técnica, canais de comercialização, entre outros. Então a Marcha das Margaridas nos dá visibilidade para mostrar ao poder público e à sociedade porque precisamos de políticas públicas específicas para as rurais”, compartilhou Mazé após apresentar a experiência da realização da Marcha das Margaridas.

“Enquanto juventude rural é de extrema relevância falar sobre a luta pelo acesso à terra, principalmente por saber a importância dessa geração permanecer no campo. Diante desse desafio, os(as) jovens da agricultura familiar têm realizado várias ações através da CONTAG, Federações e Sindicatos, como o Festival Nacional da Juventude Rural, o Programa Jovem Saber, entre outras experiências de luta pelo acesso à terra”, destacou a secretária de Jovens da CONTAG, Mônica Bufon.

Além das experiências apresentadas pela CONTAG, as professoras Carmen Deere (Universidade Florida) e Hélène Guétat (ENSFEA) também falaram sobre a importância do acesso á terra para mulheres e jovens.

O debate sobre o acesso à terra de mulheres e jovens teve início no dia 23 de novembro de 2021 com um seminário virtual que contou com a participação de mulheres e jovens das Federações e Sindicatos ligados à CONTAG.

Esse seminário debateu o tema a partir de duas questões principais. A primeira é que o acesso das mulheres à terra e aos recursos naturais é uma questão internacional chave. Por diversas vezes, os direitos das mulheres à terra e aos recursos naturais são minimizados ou negados em favor dos homens, mesmo que elas representando a maior parte da força de trabalho camponesa e desempenhando papel fundamental na produção agrícola e na gestão dos recursos naturais. Este é o resultado combinado de dois fatores principais: costumes reforçados pela má interpretação da religião, políticas e leis agrárias que não reconhecem suficientemente o lugar das mulheres.

A outra questão é que os(as) jovens também são afetados por esses costumes patriarcais, que também dificultam o acesso à terra e à capacitação, com o resultado de que tendem a fugir do mundo rural e abandonar a agricultura, enfraquecendo as comunidades e deixando-os vulneráveis às pressões externas, quando poderiam ter um papel importante a desempenhar para fortalecê-los e garantir o futuro da agricultura camponesa.

Além do seminário realizado no dia 23 de novembro, a delegação brasileira participou de uma reunião preparatória realizada no dia 01 de dezembro de 2021. Na oportunidade foram apresentadas duas experiências de lutas pela terra feita por jovens e mulheres no Brasil. Pela Juventude foi apresentada a experiência de Alexandre Leal (Paraná), que apresentou experiência de acesso à terra pelo Programa de Crédito Fundiário e pelas Mulheres foi apresentada a experiência de Maria Joelma, presidenta do sindicato de Rondon (Pará) que apresentou a experiência de organização de trabalhadores e trabalhadoras na luta pela reforma agrária.

“A luta pelo acesso á terra é mundial, e independente do país. Os grandes empresários da terra estão cada vez mais tentando ocupar os nossos territórios. Diante desse cenário, precisamos fazer e fortalecer uma luta unificada pela reforma agrária em defesa da terra que é um bem de todos(as)”, diz o secretário de Política Agrária da CONTAG, Alair Luiz dos Santos.

Além desses dos encontros virtuais, a Contag enviou vídeos com experiências de lutas de jovens e mulheres das cinco regiões do País que estão sendo legendados em outros idiomas.

No mês de janeiro será apresentado um documento com os principais desafios para juventude e mulheres no acesso à terra.

Para ter acesso ao documento e participar dos outros ciclos de debates, é necessário fazer o cadastro no site do Fórum de Lutas pela Terra e pelos Recursos Naturais AQUI

O FLT é resultado de um processo de mobilização mundial das lutas da agricultura familiar, camponesa e indígena pela Reforma Agrária, o acesso a terra e aos recursos naturais, iniciado em 2004 com o Fórum Mundial pela Reforma Agrária (FMRA) e consolidado em 2006, com a Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural (CIRADR).

Em 2016 foi realizado em Valência, Espanha, o Fórum Mundial de Acesso a Terra (FMAT) e atualmente é dado continuidade a esse processo de mobilização internacional da luta com o FLT.

“Precisamos colocar o tema do acesso à terra na agenda política mundial. A questão da concentração, a estrangeirização, a governança da terra não pode ser esquecida. A CONTAG que tem uma luta histórica pela reforma agrária encontra ecos nesses eventos internacionais. Há uma necessidade de reativarmos esse debate, principalmente a partir do protagonismo das mulheres e da juventude rural”, afirma o vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da CONTAG, Alberto Ercílio Broch.

 

 

 

 

FONTE: Secretaria de Política Agrária/Alonson Santos – Comunicação CONTAG/Barack Fernandes

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