“A conjuntura e os movimentos sociais de trabalhadores e trabalhadoras”. Este foi o tema da roda de conversa realizada pelo Coletivo Cotonetes, nesta quinta-feira (10) através de uma plataforma digital.
A Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (FETAG-PB) foi representada pela sua assessora jurídica, Geane Lucena. Também contribuíram com o debate o psicólogo Gleyson Melo, do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Tião Santos, e os integrantes do Coletivo Cotonetes, Romero Antônio e Paulo Adissi. A mediação foi realizada pelo professor Carmélio Reinaldo.
“A conjuntura que vivemos hoje não poderia ser pior. Lógico que o Brasil já passou por outras situações difíceis, sobretudo, para os movimentos populares, sociais e sindical, e consequentemente, para os agricultores e as agricultoras familiares. De 2016 para cá, começaram os ataques e a desestruturação de todas as políticas públicas que favoreciam ou podiam favorecer os trabalhadores rurais.”, afirmou Geane Lucena.
A assessora jurídica da FETAG-PB apontou as principais áreas que têm sido atacadas pelo atual governo federal e vem prejudicando as conquistas dos agricultores familiares ao longo dos anos, dentre elas, a dificuldade de acesso aos serviços da Previdência Social, o desmonte do Plano Safra e o desmonte da política de reforma agrária, carro-chefe da luta dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais no Brasil.
“A pauta da reforma agrária recuou, drasticamente, neste governo. Ela praticamente inexiste. Não adianta dar a terra para o trabalhador rural, sem oferecer as condições adequadas para o cultivo, o plantio, a manutenção daquela família no campo. Sabemos que quem representa o povo não vivencia momentos fáceis, mas o momento que estamos passando atualmente no Brasil tem sido muito grave, porque quando estamos organizados para lutar por uma causa que está sendo atacada, já vem outro golpe do governo”, ressaltou Geane.
Como reação à criminalização dos movimentos sociais e sindical e na luta pelo resgate dos direitos que têm sido retirados, a CONTAG e a FETAG, informa Geane Lucena, está organizando a realização de Oficinas de Base, em todas as unidades da Federação. “Vamos conversar olho no olho com o trabalhador e a trabalhadora rural para podermos, juntos, nos fortalecer e buscar atuar contra esta conjuntura tão difícil”, concluiu.
Para o representante do MTD, Gleyson Melo, o povo brasileiro sente hoje as consequências de um golpe político, que retirou do poder a ex-presidente Dilma Roussef, do Partido dos Trabalhadores e propiciou a apropriação dos recursos naturais por empresas transnacionais e nacionais; destruição da legislação que garantia os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras brasileiras, com a reforma trabalhista e da previdência; destruição do legado social, garantido pela Constituição Federal de 1988, e consequentemente, a tentativa de destruir as forças populares e de esquerda no Brasil.
Gleyson acredita que as eleições, que serão realizadas em outubro, serão decisivas para mudar este quadro que atravessa o país, com fome, desemprego, alta da inflação, destruição da Amazônia e dos direitos. “Precisamos agir a partir de agora, com a formação de comitês populares e podermos com a eleição mudar esta situação que vem causando muitos transtornos ao povo brasileiro”, pontuou.
Para o presidente da CUT, Tião Santos, o Congresso Nacional não tem atuado em prol das pautas populares. “Tudo o que discutimos aqui nesta roda de conversa, estas perdas de direitos dos trabalhadores, não podemos deixar de atribuir ao Congresso que temos, que é fundamentalista, conservador, elitista, que está ali, para defender seus próprios interesses, com raras exceções.”, enfatizou.
Segundo ele, só com a reorganização da classe trabalhadora será possível mudarmos a atual conjuntura brasileira.
Mabel Dias – Assessoria de Comunicação da FETAG-PB