Em 2021, no Brasil, foram registrados 1.768 ocorrências de conflitos no campo, com 897.335 pessoas envolvidas e 35 assassinatos. Estes são alguns dados, apresentados nesta segunda-feira (18), durante o lançamento da 36ª edição do relatório Conflitos no Campo Brasil 2021, da Comissão Pastoral da Terra (CPT). O lançamento aconteceu na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília, com a presença do secretário de Formação e Organização e Formação Sindical da CONTAG, Carlos Augusto Silva (Guto) e assessores da Confederação, entre outras representações de entidades sindicais, organizações sociais e de setores da Igreja Católica.
O relatório mostrou ainda que em relação aos assassinatos houve um crescimento de 75% em relação a 2020, quando foram registrados 20 assassinatos. Desse total, 80% dos assassinatos foram na Amazônia Legal, sendo 11 assassinatos só no estado de Rondônia, seguido pelo Maranhão – 09 assassinatos, Roraima, Tocantins e o Rio Grande do Sul, ambos com 03 assassinatos.
De acordo com relatório da CPT, os estados com maior número de conflitos registrados são: o Pará – 156 casos, Bahia – 134, Maranhão – 97, Pernambuco – 88 e Mato Grosso – 79.
“A publicação anual Conflitos no Campo Brasil 2021 da CPT só evidencia as consequências da política de desmonte do governo federal que tem aumentado os conflitos e assassinatos no campo. Enquanto CONTAG, Federações e Sindicatos, somamos força com todos que atuam em defesa da terra, dos territórios, do campo, da floresta, das águas e das vidas”, frisou secretário de Formação e Organização e Formação Sindical da CONTAG, Carlos Augusto Silva (Guto).
O relatório ainda aponta que cresceu de 1.100% as mortes em consequência de conflitos no campo. Das 109 mortes registradas em 2021, 101 aconteceram no território indígena Yanomami.
O agricultor familiar Geovane da Silva Santos, pai do garoto Jonatas, morto a tiros em 10 de fevereiro no Engenho Roncadorzinho, no município de Barreiros, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, esteve presente e relatou que os conflitos continuam na região. “Eles envenenam as águas, as terras e ameaçam as famílias da comunidade. A gente fica sem saber quando as coisas vão se revolver lá no Engenho. Que as autoridades tomem as providências, pois a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (Fetape) já foi lá e foi feito o mapeamento desde 2015, e não sei como que o trabalhador rural ainda sofre tanto”, compartilhou.
“Depois de 500 anos de invasão, as caravelas continuam chegando aos nossos territórios. Além da pandemia, atualmente as crises sanitária, política, ética e social têm refletido diretamente nas vidas dos 305 povos indígenas do Brasil, pois o governo federal e o Congresso Nacional seguem negando os direitos dos povos originários do Brasil. Repudiamos todas as formas de violência. Viva aos povos indígenas”, frisou a indígena Guarani-Kaiowá, Kuñangue Aty.
A CPT disponibilizará a versão digitalizada do relatório Conflitos no Campo Brasil 2021 daqui a 30 dias. |
Mabel Dias – Assessoria de Comunicação da FETAG-PB, com informações da Comunicação CONTAG – Barack Fernandes |