Mais de 1 mil mulheres do campo e da cidade invadiram as ruas do centro da capital paraibana, no último dia 8 de março, para lutar por democracia e garantia de direitos. Também estavam na pauta, denúncias ao feminicídio, às desigualdades e discriminações de gênero, de sexualidade, de raça, classe e religião.
Antes da caminhada, parte do grupo formado por mais de 200 trabalhadoras rurais, agricultoras familiares e assentadas da reforma agrária de várias regiões do Estado participou do evento “Margaridas na luta por democracia e garantia de direitos” promovido pela Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado da Paraíba (Fetag-PB). O evento marcou também o lançamento da 6ª Marcha das Margaridas que acontecerá em agosto de 2019, em Brasília, e homenageia a líder sindical paraibana Margarida Maria Alves.
“Este é um dia para refletirmos sobre os retrocessos vividos na atual conjuntura política, social e econômica brasileira, destacando os seus impactos sobre a vida das mulheres e reforçamos a necessidade de nossa unidade, colocando na agenda das autoridades a pauta das mulheres trabalhadoras rurais”, explica a secretária de mulheres da Fetag-PB, Maria de Lourdes Costa.
Maria de Lourdes destacou ainda que as conquistas alcançadas no plano macro, precisam se materializar no dia a dia das pessoas. “Para as mulehres do campo é tudo ainda mais difícil. É preciso que elas reconheçam o Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais um instrumento imprescindível para esse feito, já que está mais próximo da população Rural”, finalizou a secretária.
Ás 10h30, as trabalhadoras rurais marcharam pela Rua Rodrigues de Aquino e se juntaram ao conjunto de movimentos de mulheres parceiras que realizaram um Ato Político contra o Feminicídio, na Praça dos Três Poderes. Depois o grupo seguiu em direção a sede da Gerência Executiva do INSS em João Pessoa para protestar contra a Reforma da Previdência. Encerrando o movimento por volta das 13h, no Parque Solón de Lucena (Lagoa).
São Sebastião de Lagoa de Roça – No mesmo dia, cerca de 8 mil mulheres participaram da 9ª edição da “Marcha pela vida das Mulheres e pela Agroecologia”, promovida pelo Pólo da Borborema, através de uma articulação de 14 sindicatos de trabalhadores rurais daquela região, em parceria com a AS-PTA- Agricultura Familiar e Agroecológica.
Em 2018, o tema trabalhado foi a onda conservadora que o país enfrenta e de que forma ela recai sobre a vida das mulheres e LGBTs. Uma apresentação teatral mostrou diversas situações de violência vivenciadas por uma personagem homossexual, que também sofre violência por parte de seu próprio pai, que não aceita a sua orientação sexual. A plateia interage e ri, se emociona e muitas vezes, se indigna com as cenas que evidenciam o tema mobilizador da marcha, escolhido a cada ano.
Ligória Felipe dos Santos se emocionou com a encenação: “A peça foi feita pra mim, eu me vi ali”, conta a agricultora do município de Esperança (PB), que viu o filho homossexual deixar a casa por desentendimentos com o pai.
A animação do evento ficou por conta da cirandeira pernambucana Lia de Itamaracá que se apresentou momentos antes da caminhada e encerrou o evento com uma bonita ciranda. A caminhada partiu pelas ruas centrais da cidade após a encenação apresentada pelo Grupo de Teatro Amador do Polo da Borborema.
Ações Conectadas – De acordo com uma das representantes do movimento de mulheres, Joana D’Arc da Silva, o 8 de março segue bastante conectado, na Paraíba, no Brasil e no mundo. Em 2017, foram cerca de sessenta grandes marchas em diversos países, o que demonstra a organização em torno das pautas relativas às mulheres.
“No Brasil e no mundo, as mulheres estão nas ruas para dizer que não é feita a sociedade em condições de desigualdade entre homens e mulheres; nem do modo como os meios de comunicação têm tratado as mulheres, humilhando e incitando o ódio, a violência, assassinatos e estupros. São muitos os motivos este ano para ir para a rua e não estamos indo sozinhas, dispersas, estamos indo com essa leitura de que estamos juntas em todos os lugares. Não estamos dizendo só o que não queremos, estamos dizendo o que defendemos também”, comentou Joana D’Arc.