1,2 milhão de pessoas estão em situação de extrema pobreza no Brasil, revela boletim do DIEESE

 

Boletim do DIEESE divulgado nesta segunda-feira (19) reafirma o que temos visto nas ruas das principais cidades brasileiras: a ascensão das desigualdades sociais e econômicas no Brasil. Segundo o DIEESE, as desigualdades se aprofundaram com a pandemia da Covid-19, alinhados à ineficiência do Governo Federal em seu combate, como processo extremamente lento da vacinação da população, somadas as suspeitas de corrupção no Ministério da Saúde.

O número de pessoas em extrema pobreza aumentou em 2021, segundo o Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico). Se em março de 2020, início da pandemia no Brasil, havia 13,5 milhões de pessoas nessa situação, em março desse ano esse contingente aumentou em 784 mil pessoas, o que representa um crescimento de 5,8%.

“Entre o início de 2019 e o início de 2021, quase 1,2 milhão de pessoas ingressaram na extrema pobreza no Brasil, o que corresponde a um aumento de 9,0%”, diz o boletim do DIESSE.

Francisco Menezes, analista de Programas da ActionAid, em entrevista à RAIDS, revista produzida pela Fiocruz, afirma que os cortes nos Programas de Aquisição de Alimentos (PAA), atingindo a agricultura familiar, as tentativas de desfigurar o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o fim do programa de cisternas do Semiárido são medidas que contribuem para o aumento da fome no país. Esta situação tem sido denunciada constantemente pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG) e as Federações (FETAGs).

No Nordeste, os estados que representaram o maior número de pessoas em extrema pobreza em março de 2021, foram o Piauí (15%) e a Paraíba (13%). No Sul, esse percentual  era próximo de 3% no Paraná e 2% em Santa Catarina. Muitas pessoas em extrema pobreza nem sequer fazem parte do CadÚnico, caso das pessoas em situação de rua, por não terem acesso à rede de proteção social.

Para reduzir esse índice, o governo da Paraíba criou o Programa Tá na Mesa, que tem levado refeições ao preço de R$ 1 real para pessoas em vulnerabilidade social no estado. O programa é executado pela Secretaria de Desenvolvimento Humano e já foi implementado em 57 dos 83 municípios que não possuem restaurantes populares. No total, são 25.100 refeições distribuídas diariamente.

Pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSAAN), realizada em 2020, revelou que 116, 8 milhões de pessoas “conviviam com algum grau de Insegurança Alimentar e, destes, 43,4 milhões não tinham alimentos em quantidade suficiente e 19 milhões de brasileiros enfrentavam a fome.”

Logo no início de seu mandato, o presidente Jair Bolsonaro, extinguiu o Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA), o que representa um duro golpe na elaboração de políticas públicas nesta área e o corte do diálogo com a sociedade civil para enfrentar o problema da fome no Brasil.

Entretanto, o número de bilionários aumentou no Brasil durante a pandemia. De acordo com a revista Forbes, 22 brasileiros entraram ou retornaram a lista de pessoas, com pelo menos 1 bilhão de dólares em patrimônio, neste ano de 2021. O que demonstra o crescimento da concentração de renda no Brasil.

“A desigualdade social, histórica e estrutural tem se aprofundado nos últimos anos  e medidas paliativas e desumanas – como a sugerida pelo ministro da economia, Paulo Guedes, de alimentar os pobres com sobras de comida de restaurante – não vai à raiz do problema. É necessária e urgente a tributação incisiva sobre os mais ricos, com melhor distribuição de renda e riqueza, por exemplo, além de um conjunto de medidas que poderiam ser adotadas, como o resgate da política de ganhos reais para o salário mínimo.”, diz um dos trechos do boletim do DIEESE.

Assessoria de Comunicação da FETAG-PB

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