Historiadora Lúcia Guerra ressalta importância da preservação do Museu Casa Margarida Maria Alves, em Alagoa Grande

 

Frente da Casa de Margarida Maria Alves, em Alagoa Grande

A historiadora e presidente da Comissão de Instalação do Memorial da Democracia, em João Pessoa, Lúcia Guerra, fez um alerta em relação à manutenção do Museu de Margarida Maria Alves, que fica na casa onde a líder sindical rural morou com sua família e onde também foi assassinada, no dia 12 de agosto de 1983.

A fala da historiadora foi feita durante sua participação na roda de conversa “Violência contra lideranças políticas na Paraíba e no Brasil”, que foi realizada nesta quinta, 12 de agosto, pela Secretaria de Mulheres da FETAG-PB, e que debateu sobre os assassinatos  de Margarida Maria Alves e Marielle Franco e a impunidade em relação a esses crimes. “É importante pensarmos a história como algo vivo, o passado da ditadura militar, período que Margarida Maria Alves foi assassinada, infelizmente não acabou. Precisamos educar para nunca mais”, ressaltou a professora.

Professora Lúcia Guerra

A história de Margarida Maria Alves está presente também no Memorial da Democracia, que está aberto à visitação e pesquisa, de terça a domingo, das 9h às 16h, na Fundação Casa de José Américo, no bairro do Cabo Branco, em João Pessoa. A casa de Margarida Maria Alves fica no centro de Alagoa Grande, brejo paraibano, e após o seu assassinato, há 38 anos, foi transformada em um museu, que conta a história de Margarida e dos trabalhadores e trabalhadoras rurais da região. Na casa, é possível encontrar objetos que faziam parte do cotidiano de Margarida, além de fotos, documentos e reportagens dos jornais da época, como “O Norte”, que fizeram ampla cobertura sobre o caso. O Museu Casa de Margarida Maria Alves é mantido pela Prefeitura de Alagoa Grande.

Interior da Casa de Margarida Alves. Na parede, uma das frases usadas por ela quando era presidente do Sindicato.

O assassinato da presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande ficou conhecido internacionalmente e, na casa, há cartas da Anistia Internacional e de setores progressistas da Igreja Católica, cobrando do judiciário brasileiro atenção e celeridade na identificação e prisão dos acusados de matarem e dos mandantes do assassinato da líder sindical rural. Infelizmente, os assassinos de Margarida nunca foram condenados. Apenas Zito Buarque foi preso. Ele era genro do usineiro Aguinaldo Veloso Borges, latifundiário e proprietário da Usina Tanques. Zito Buarque ficou preso por apenas 3 meses, sendo absolvido em 2001, em João Pessoa.

A professora Lúcia Guerra ressalta ainda que o museu é um equipamento cultural, e assim como os demais, precisa de manutenção regular, de pessoas para atender o público que vai visitá-lo, ajudando, desta forma, a preservar a história. “É importante que haja estímulo para que todas as escolas locais visitem o museu, promovendo assim uma ação de difusão cultural para toda a população. A prefeitura precisa estar atenta e ter uma política sistemática de investimentos, para que o museu possa continuar contando a história de Margarida Maria Alves para as novas gerações, desempenhando, assim, seu trabalho pedagógico”, enfatizou.

Mabel Dias – assessoria de Comunicação da FETAG-PB.

 

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