COP 26: Movimentos sociais, sindicais e ambientais analisam propostas da Conferência do Clima e defendem implementação das propostas da Carta de Belém para preservação do planeta

 

A 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP) 26), terá início neste domingo (31), na cidade de Glasgow, na Escócia. A COP 26 debate até o dia 12 de novembro, medidas para salvar o planeta da destruição e dos efeitos nefastos causados pela mudança climática, motivados pelo sistema capitalista, sem cuidados com a natureza.

As discussões devem ser iniciadas pelo Acordo de Paris, firmado por centenas de países, entre eles o Brasil, em 2015, e cujas metas estão longe de serem cumpridas.

“O problema é que as discussões giram em torno de ações empresariais, que são limitadas, porque têm maior preocupação em concentração de riquezas que em preservação ambiental”, argumenta Sandra Paula Bonetti, secretária de Meio Ambiente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG).

A secretária cita a Carta de Belém, um grupo formado em 2009 com presença de entidades sindicais, do movimento social e ambiental para se contrapor à proposta que será discutida na COP 26, que segundo ela, “é hipócrita, defende o capital e o agronegócio, profundamente nocivo à natureza.”

Ainda segundo a secretária do Meio Ambiente, as entidades representativas da classe trabalhadora defendem “a construção de um novo modelo de produção, distribuição e consumo”. Sempre baseados “no relacionamento harmonioso da humanidade com a natureza”.

A secretária-geral da CONTAG, Thaisa Daiane Silva, propõe uma produção baseada na agroecologia e na economia solidária e sustentável. Ela acentua a necessidade de se ter “mais investimentos na produção de energia limpa e renovável e uso racional das riquezas naturais, principalmente da água que é vital para a vida”.

A secretária de Política Agrícola da CONTAG e do CTB, Vânia Marques, defende a reforma agrária, como política de reordenamento territorial com produção sustentável, sem a utilização de agrotóxicos, como também, a demarcação das terras indígenas e quilombolas.

Estudos comprovam a existência de mais de 120 milhões de brasileiras e brasileiros estão em situação de insegurança alimentar. Um número crescente de moradores de rua, desemprego e total precarização das condições de trabalho e de vida.

Por isso, defende Vânia, se faz necessária a implantação de “um modelo de produção que assegure a soberania alimentar, tão defasada no país”, além de “garantir moradia, educação, saúde, acesso à cultura, esporte e lazer para a vida ser mais saudável”.

“É necessário barrar a destruição das florestas e entender a água como um bem da humanidade”, defende Sandra Paula Bonetti. Ela destaca também como fundamental a realização de um consumo sustentável, ocasionando assim a produção de menos lixo.

Soma-se a isso “a falta de cuidados para evitar a contaminação dos rios, a grilagem de terras, a invasão de terras indígenas e o uso excessivo de agrotóxicos” por causa da “produção monocultora, principalmente de soja, com vistas à exportação”, acentua Thaisa Daiane.

Para que não seja tarde demais, segundo Vânia Marques, “a COP 26 deve reforçar o compromisso de todas as nações em salvar o planeta, combatendo a concentração de terra e de propriedades, e com isso termos um consumo regulado pelo bem-estar comum”.

Vânia Marques denuncia que “o governo brasileiro promove um desmonte das políticas de defesa ambiental, direitos sociais e individuais com uma política ultraliberal avançando sobre os territórios e expulsando as pessoas de suas casas, agravando o empobrecimento e trazendo o Brasil para o Mapa da Fome”.

Por isso, o grupo que elaborou a Carta de Belém propõe que a COP 26 dê “um passo definitivo para cristalizar a complexa arquitetura de governança ambiental”. Segundo a secretária geral da Contag, Thaisa Daiane, “se as políticas estabelecidas não saírem do papel e não contemplarem toda a humanidade, essa situação degradante permanecerá e não sobreviveremos.”

No Brasil, segundo estudo da Oxfam, o 1% mais rico tem a mesma riqueza que os 50% mais pobres e 6 bilionários possuem o mesmo que 100 milhões de pessoas.

“Fala-se muito num ‘novo normal’ após a pandemia”, assinala Sandra, mas “esse novo normal deve ser o da distribuição de riquezas, da produção sustentável, da segurança alimentar com alimentos saudáveis e de investimentos em qualidade de vida, com respeito à dignidade humana”.

Acesse https://www.cartadebelem.org.br/ e confira na íntegra o conteúdo da Carta de Belém.

Assessoria de Comunicação da FETAG-PB (Mabel Dias), com informações da Assessoria de Comunicação da CTB (Marcos Aurélio Ruy).

 

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