Diversas organizações do campo lançaram nesta terça-feira (02) a “Campanha Contra a Violência no Campo: Em Defesa dos Povos do Campo, das Águas e das Florestas”, no auditório do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), em Brasília (DF).
A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), Federações e Sindicatos filiados estiveram presentes, denunciando com as demais organizações, a violência estrutural que mata os povos do campo, das florestas e das águas, protagonizada pelo capital e muitas vezes pelo próprio Estado brasileiro.
“A CONTAG, Federações e Sindicatos filiados e várias organizações participam e fortalecem a ‘Campanha Contra a Violência no Campo: Em Defesa dos Povos do Campo, das Águas e das Florestas’, pois acreditamos que com unidade, articulação e mobilização, conseguiremos combater os conflitos agrários e assassinatos de agricultores(as) familiares e de todos os povos do campo, atualmente ameaçados pela expansão do capital que destrói o meio ambiente e as vidas nos territórios, em especial, na Amazônia Legal”, compartilha o secretário de Política Agrária da CONTAG, Alair Luiz dos Santos.
O assessor da Secretaria da Agricultura Familiar e Agrícola da FETAG-PB, Ivanildo Pereira, participou do evento.
“Diante do avanço do agronegócio, das madeireiras e das mineradoras na Amazônia Legal, motivando o aumento de conflitos, da violência e de um maior número de mortes no meio rural, dizemos: Basta de violência no campo! Que a Constituição Federal seja respeitada, sobretudo, no que se refere aos direitos humanos e à preservação do meio ambiente. Que a Justiça e a Paz se abracem no nosso país!”, declarou Dom José Ionilton, presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Vítimas da violência no campo ecoam suas vozes no lançamento da Campanha
“Aqui em Brasília, a violência é na caneta. Lá na base é na bala!”
O indígena Simão Kaiqwá, sobrevivente de massacre de Kaiqwá, depois de ter sido alvejado e atualmente com uma bala próxima ao seu coração, relatou no lançamento da Campanha que não só na base, mas também em Brasília, os povos originários têm sido vítimas constantes do capital.
“No Congresso Nacional tramitam projetos de lei que tentam cortar recursos e diminuir os territórios dos indígenas. No Mato Grosso do Sul estão derramando o nosso sangue por 0,2% de terra que ainda pertence aos povos originários. São mais de 300 lideranças indígenas assassinadas desde que foi promulgada a Constituição Federal brasileira. Aqui em Brasília, a violência é na caneta. Lá na base é na bala! Que a gente não continue sendo assassinado e que os culpados respondam por seus crimes”, disse o indígena Simão Kaiqwá.
“Que a Campanha nos ajude a permanecer na terra e vivos”.
De Timbiras, no Maranhão, veio o relato do agricultor familiar, Ismael Cunha. Ele integra umas das 450 famílias agricultoras ameaçadas por madeireiros que tentam destruir a maior reserva de coco Babaçu do Estado do Maranhão.
“De três anos para cá, os conflitos têm aumentado demais. Os madeireiros ameaçam e estão dizendo que vão me matar quando eu pisar na cidade de Timbiras. São 450 famílias agricultoras na ponta da bala. Já denunciamos a difícil situação aos órgãos governamentais que deveriam proteger a floresta, mas parece que estão dormindo. Esperamos que a Campanha Contra a Violência no Campo nos ajude a permanecer na terra e vivos!”, frisou o agricultor familiar, Ismael Cunha.
A Campanha e sua missão
“A campanha é construída diretamente por trabalhadores(as), indígenas, quilombolas, mulheres quebradeira de coco, mulheres apanhadoras de flores, entre outras pessoas do campo que sofrem na pele essa violência. A partir desse olhar presencial das comunidades e dos territórios, a ‘Campanha Contra a Violência no Campo’ se fortalece com o apoio de várias organizações e ainda se articula com outras frentes de luta e resistência, como a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, Campanha em Defesa dos Direitos Humanos, Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, Campanha Eu Voto Contra a Fome e Sede, entre outras. Essa luta é nossa! Essa luta é do povo!”, disse a representante da Comissão Geral da Campanha, Alessandra Farias (da SMDH).
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Representações dos Direitos Humanos e dos(as) quilombolas também denunciaram no lançamento da Campanha, as várias violações contra os povos do campo.
Acompanhe a transmissão do lançamento da Campanha AQUI
Encontro Nacional
O lançamento da Campanha Contra a Violência no Campo: Em Defesa dos Povos do Campo, das Águas e das Florestas, marca o início do Encontro nacional sobre desenvolvimento rural e sustentabilidade: Reforma Agrária, Crédito Fundiário e Regularização Fundiária como políticas promotoras de direitos humanos.
Com mais de 70 participantes, o Encontro vai até quinta-feira (04 de agosto), no CESIR/CONTAG, com os objetivos de analisar os dados do Censo Agropecuário 2017; debater a Reforma Agrária enquanto fator social e econômico; e discutir o papel das entidades de representação dos(as) agricultores(as) familiares na efetivação de políticas públicas voltadas para reforma agrária.
#BastaDeViolênciaNoCampo
Fonte: Barack Fernandes – Assessoria de Comunicação da CONTAG